O cenário artístico na primeira metade do século XX era absolutamente Modernista, designado por suas vanguardas e conceitos de arte pura (“arte pela arte”). Especialmente, nas décadas de 40 e 50, o Expressionismo e o Abstracionismo viviam seu auge, destacando nomes nas artes em geral, como Ben Nicholson, Barbara Hepworth, Oskar Schlemmer, Piet Mondrian e Wassily Kandinsky, e foi nesse contexto que uma nova forma artística surgiu.

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O Modernismo quebrou padrões, principalmente construtivistas e estéticos, abrindo a mente de toda uma sociedade para novos conceitos e sensações. O século, então, já havia sido marcado pela ousadia de seus artistas, assim, na década de 50, mais uma expressão tão diferente, tão atraente, como diria Richard Hamilton, tomou frente à cena artística, a Pop Art. Seu termo dado por Lawrence Alloway, crítico pertencente ao Independent Group responsável por muitos fundamentos teóricos da Popular Art, é tão transparente e marcante quanto sua arte em si. O período pós-Guerra na Europa provocou uma outra necessidade artística, abandonando a experiência lenta e meditativa de Rothko e partindo para algo mais real, acessível e instantâneo.

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A chamada Indústria Cultural (Kulturindustrie em alemão) de Adorno e Horkheimer (filósofos e sociólogos alemães da Escola de Frankfurt que lançaram o termo na publicação Dialética do Esclarecimento no capítulo O iluminismo como mistificação das massas em 1947) guiou todo o conceito e prática dos trabalhos Pop, proclamando o capitalismo a ordem social, o qual consiste em moldar, consequentemente, a produção artística em prol dos padrões comerciais, atingindo o maior número possível de pessoas, produzindo mais, gastando menos.

A cultura das massas foi, assim, proclamada, não com a intenção de promover conhecimento, que, por sinal, não era algo bem-vindo em uma época de dificuldades políticas, pois esse levanta questionamentos e reivindicações por respostas, mas a disseminação de uma nova cultura consumista e alienada, chegando, basicamente, a ser o que chamamos de “American way of life“.

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O movimento Pop teve como precursor o Independent Group (IG), fundado em Londres em 1952, que ganhou maior destaque com a apresentação da obra, a colagem “Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing?“, por um de seus participantes, Richard Hamilton, na exibição “This is Tomorrow” na Whitechapel Gallery em Londres em 1956.

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Paralelo a isso, os Estados Unidos também produziam a Arte Pop, que ao contrário da inglesa, desenvolveu-se isoladamente, sem um grupo específico, até 1963, mais tarde imortalizada por seu maior artista, Andy Warhol.

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A produção da Pop Art foi marcada pela comunicação, comunicação da arte, da cultura, da cena atual para com a sociedade, os consumidores. A mensagem transmitida pelas obras eram imediatamente absorvidas pelo público, sendo essas, basicamente, a mesma coisa (repetitividade, não só da mensagem, mas, como veremos adiante, das inspirações, dos ícones, das cores e das imagens): “Idolatre!”, “Compre!”, “Ame!”. Com o conceito de propagar essas mensagens para o maior número possível de pessoas, em um curto tempo, por um preço baixo, diferentes técnicas e materiais foram incorporados à construção das obras, como por exemplo o uso de goma espuma, poliéster, látex, tinta acrílica e serigrafia, uma das técnicas mais características do período.

A serigrafia – serigraph em inglês, sendo do grego sericos (seda) e graphos (escrita) – é um processo de impressão no qual a tinta é vazada através de uma tela preparada, no qual a gravação se dá pelo processo de fotosensibilidade; essa técnica ficou muito conhecida através de Warhol, que a utilizava além, somente, por motivos de simplicidade, mas também a associava aos ícones populares retratados em suas obras, entre eles: Liz Taylor, Mao Tsé Tung, Marlon Brando, Elvis Presley, Che Guevara e, sua favorita e memorável, Marilyn Monroe, que são personalidades públicas e louvadas como deuses midiáticos, mas nem por isso deixam de ser figuras comuns e vazias (“vazadas”), reproduzindo estes retratos em uma produção mecânica ao invés de artesanal, acentuando o caráter impessoal da Pop Art como arte para a massa de consumo.

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Nas paredes, nas revistas, nas garrafas de refrigerante, nas latas de sopa, nas almofadas decorativas, nas T-shirts dos jovens, em tudo estava a cultura Pop. Algo tão incutido na mente das pessoas, seja pela repetitividade, pela estética ou pela habitualidade, a Pop Art fixou-se na segunda metade do século XX como uma forma despretensiosa (mas, na verdade, ironicamente manipuladora) de expressão atingível para qualquer um, com uma face atraente, divertida, jovem e cool. Cada vez mais a intenção de ser veemente popular acabou dando uma outra característica à Art, kitsch. Esse termo provido do alemão refere-se ao exagero que torna mau gosto, popularmente dito como “brega”, referindo-se à Pop Art, a palavra imputa o valor relativo das novas obras, caracterizadas pela superficialidade e acessibilidade, tornando-as não uma expressão artística autônoma humana, mas uma adaptação artística à cultura da atualidade, o capitalismo, deixando de lado a verdadeira essência do conceito Arte.

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O furor causado por esse novo movimento artístico da década de 50 foi real, foi mais do que real, foi epidêmico. Seja agradável ou kitsch, arte ou pseudo-arte, os rumores e ideias causadas pela Pop Art foram intensos, deixando suas marcas até os dias de hoje, imortalizando seus ícones Pop, de Warhol à Campbell, de Blake à Beatles.

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