A história da moda masculina pode não parecer tão importante em comparação com a feminina, porém quem pensa desse jeito está muito errado! Muito antes das mulheres, os homens usavam perucas, maquiagens e até saltos.
Ao longo do processo histórico, com tantas transformações sociais, os homens ganharam muito destaque por conta de suas vestimentas. E, muitas vezes, a moda masculina serviu como base para confecções femininas.
Esse assunto já foi tema de uma live minha com participação do professor João Braga e também é tratado no meu curso para consultores de imagem.
Você pode conferir tudo o que conversamos no vídeo abaixo e também ler esse post completo para entender melhor o processo que fez os homens se vestirem dessa maneira atualmente.
Os primórdios da história da moda masculina
Na antiguidade, cada civilização tinha o seu comportamento, sua cultura e também sua “moda”, influenciada pelas condições climáticas, recursos disponíveis e outros fatores. Em Roma e na Grécia, por exemplo, vestia-se uma túnica por baixo e a toga por cima.
Essa toga era muito volumosa e suas características possibilitavam a identificação do grupo social do portador através do tamanho, forma ou cor da roupa.
Um fato que sempre esteve presente em relação às vestimentas da sociedade é a identificação do grupo social. Na antiguidade, como já mencionado, só usava as togas quem possuía maior poder aquisitivo, com cortes diferenciados e até mesmo com coloração.
A moda teve sua origem no decorrer dos séculos XV e XVI, embora tenha assumido somente mais tarde as características da moda moderna.
A origem medieval da moda é dupla: de um lado, o luxo, magnificência e refinamento como traço distintivo das elites sociais; de outro, um fenômeno mais amplo que interessa a estratos da população urbana europeia, como moda das ruas, fonte de preocupação entre a hierarquia política e eclesiástica.
Entretanto, no decorrer do século XIV, a moda foi sofrendo modificações, como por exemplo, a silhueta masculina começou a diferenciar-se daquela feminina.
Homens e mulheres usavam longas túnicas ou camisões sem demarcar a cintura. Mas as túnicas masculinas começaram a encurtar-se, deixando aparecer as pernas vestidas com meias ajustadas.
A História da Moda Masculina no Renascimento
O vestuário masculino era mais colorido e chamativo do que o feminino. A principal peça foi o gibão que podia ou não ter mangas – presas por cordões e escondidas por detalhes almofadados. Por cima vinha uma túnica com abertura frontal. Nas pernas, usavam uma calça bufante.
Existia também a braguette (ou codpiece), peça usada por homens para cobrir o órgão sexual, unindo uma perna à outra. Apesar de cobrir, acabava servindo para evidenciar a virilidade de quem a usava.
O look era composto ainda por meias coloridas, muitas vezes com uma perna diferente da outra, que diferenciavam os clãs existentes. Já os sapatos tinham bicos achatados e largos.
As cortes europeias
As cortes espanholas e francesas eram mais efervescentes e influentes na definição da moda no século XVII. A rica corte espanhola se tornou símbolo da elegância, optando frequentemente pelo uso do negro.
A França do século XVII, a partir do reino de Luís XIV, criou uma moda tipicamente francesa, um sistema de corte como ambiente de criação e consumo da moda. Ou seja, naquela época, estar perto do Rei e dominar o código das etiquetas significavam ter a possibilidade de ascender aos favores e aos poderes.
Do início para a metade do século XIX, os homens começam a seguir as influências de Brummell, resultando em homens com um comportamento e imagem mais austera, sisuda, introspectiva, etc.
Assim, os homens deram espaço para as vestimentas pretas, azuis, marrons e cinza, cores neutras e simples, diferentes daquelas usadas nos séculos anteriores, tais como perucas, maquiagens, joias e outras vestimentas extravagantes.
Quem foi George Bryan Brummell?
George Bryan “Beau” Brummell, descrito como o homem mais famoso e influente no início do século XIX em Londres, foi o centro de uma revolução. Ele provocou mudanças com inovações no estilo e nos modos de alfaiataria masculinos. Com isso, os homens copiavam o que ele usava, seus maneirismos e até sua rotina diária de higiene.
Hoje, ele é lembrado como o primeiro dândi (aquele homem de bom gosto e fantástico senso estético) do mundo, mas, embora seu nome tenha se tornado sinônimo de etiqueta, ele não inspirou sua criação. No entanto, Brummell tornou-se um símbolo da história da moda masculina, que ainda dita a maneira como as pessoas se vestem hoje.
Os alfaiates de Savile Row, em Londres, transformaram suas lojas em templos de alfaiataria para atender aos padrões exigentes de Brummell, e até mesmo lhe deram amostras para que ele pudesse servir como propaganda ambulante de suas mercadorias.
Sua contribuição para a moda masculina foi de suma importância, por isso, hoje ele é considerado responsável pela gênese do traje formal masculino. Isso mesmo, Brummell é o responsável pela origem do famoso terno masculino.
Além disso, outra contribuição de Brummell para a sociedade foi a higiene pessoal. Assim como as roupas deveriam parecer polidas e bem cortadas, o mesmo deveria acontecer com a pessoa. Ele substituiu a dependência de perfume e pó de cabelo pelo conceito de banho diário.
“Menos é mais“
Brummell criou o conceito de “menos é mais”, em suas palavras, “o máximo de luxo a serviço da ostentação mínima”. Atualmente ainda notamos essa “filosofia” em nosso cotidiano.
Ele defendia que a elegância estava na qualidade de suas vestimentas, não na quantidade de decoração. Para ele, um casaco bem ajustado de lã azul escuro, com calças compridas e camisa de linho, uma gravata de linho branco e botas de montaria escuras conseguiram esse novo visual de simplicidade discreta e elegante – principalmente para a nobreza da época.
Hoje, um visual simples e elegante é o terno – principalmente para quem trabalha em um ambiente formal.
A História da Moda Masculina na contemporaneidade
A partir de 1900 a moda passou a ser muito influenciada pelo Balé Russo, que trouxe consigo o orientalismo e suas cores fortes, drapeados suaves e muitos botões. Foi nesse momento que as golas até as orelhas foram substituídas pelo decote “V” também.
Nas primeiras décadas do século XX, os homens europeus com maior poder aquisitivo, utilizavam peças de alfaiataria. A vestimenta do cotidiano era o terno (calça, paletó e colete). Durante o dia, cores claras e à noite, escuras.
As gravatas na cor preta eram usadas nos momentos formais – origem do termo black tie. Vale ressaltar que a utilização de paletós para cada tipo de evento se dava de acordo com o número de botões das mangas.
Tendo em vista o contexto histórico, esse foi um período de grandes transformações em todo o mundo. Logo no início do século XX ocorreu a Primeira Guerra Mundial, o que resultou em diversas mudanças sociais, e com a história da moda masculina não poderia ser diferente.
Evolução da História da Moda Masculina
Moda nos Anos 10
O começo desse século foi marcado pela forte influência das revoluções que o antecederam. A influência de Brummell também teve grande importância no começo desse século.
Com isso, relógio, lenços, chapéus, bengalas, calçados bicolores, polainas (usadas por cima do sapato), suspensórios, luvas de couro ou tecido, um tipo de camisa e de calças utilizada por baixo da roupa (para absorção de transpiração e para aquecer no inverno) e o uso de abotoaduras fizeram parte dessa década.
Moda nos Anos 20
Para os homens, o começo da década foi marcado por terno curto e depois, passaram a usar calças retas e curtas, que mostravam as meias. Mais para o fim dos anos 20 surgiram calças mais amplas. Entraram em cena o tecido Príncipe de Gales, os sapatos bicolores e o chapéu coco. O smoking era usado a noite ou em ocasiões formais.
A moda masculina dessa década fez o homem parecer menos sisudo. Contudo, as roupas eram feitas com material mais leve e com cores pálidas como branco, castanho, cinza claro, creme. Além disso, o colarinho alto e formal estava desaparecendo; os paletós eram mais curtos e os ombros menos acolchoados também.
Moda nos Anos 30
Na moda masculina, as mudanças foram sutis, com diferenças na largura das calças e dos colarinhos. Foi nessa década também que o uso do chapéu se intensificou para eles. Passaram a usar shorts por baixo das calças para facilitar a vida esportiva – que estava em alta – dando origem ao que hoje conhecemos como samba-canção.
Moda nos Anos 40
A Segunda Guerra Mundial acabou por limitar a quantidade de tecidos que podiam ser vendidos, pois muitos deles eram destinados à fabricação de artigos de guerra como uniforme para os soldados e paraquedas.
Assim, essa década foi cheia de transformações para a moda feminina, e para os homens que não estavam em guerras, puderam aproveitar um estilo mais despojado.
Por isso, nessa década, destacaram-se as calças largas e de cintura alta, usadas com longos paletós, chamadas de ternos zoot. Por causa da escassez de tecido, os coletes pararam de ser usados. Suéteres eram vestidos por cima de camisas com colarinho para fora e gravatas para dentro.
A partir de então, a história da moda masculina foi se transformando a cada década de acordo com os estilos musicais e grupos sociais que nasciam.
Moda nos Anos 50
Na moda masculina dessa década surgiu um estilo mais rebelde. No cinema estreou o filme “Uma rua chamada pecado”, em que Marlon Brando usou como roupa camiseta e calça de alfaiataria para compor seu personagem.
No mesmo período outro filme foi lançado, mas agora quem interpretava o personagem principal era James Dean, que usava camiseta branca, jaqueta de couro e calça jeans.
Com isso, Elvis Presley também se apropriou do estilo de James Dean. E as calças de alfaiataria, começaram a dar espaço para as calças jeans.
Moda nos Anos 60
Nesta década os Beatles começaram sua história musical, influenciando os ouvidos e as roupas dos jovens. Eles inseriram bordados e roupas mais coloridas. O que levou ao psicodelismo, trazendo as camisetas tie dye e as calças boca de sino para os homens.
Em um look formal, os homens clássicos dessa época mantiveram os ternos, no entanto, adaptaram-se à chegada das cores e gravatas coloridas.
O paletó também era mais comprido, comparando com anos 1950, com lapelas largas, ajustado na cintura, combinado com calça um pouco mais larga. Além disso, a moda masculina ganha silhueta mais ajustada ao corpo, por exemplo, os casacos com cinto.
Esse foi um dos anos de grande mudança na história da moda masculina. Inclusive, a moda masculina passou a ser estudada, quando em 1964 Royal College of Arts na Grã Bretanha abriu o curso de design de moda masculina.
Moda nos Anos 70
Se formos analisar a história da moda masculina, nos anos 70 os homens voltaram a usar extravagâncias e exaltar cores! Antes de Brummell, os homens vestiam-se com perucas, maquiagens e afim, no entanto, com a sua influência as cores neutras e austeras ganham maior espaço.
Na década de 70, os homens usaram vestidos, maiôs, cores vivas, estampas, roupas coladas no corpo, calças “boca de sino”, crochês e várias outras peças que não vemos atualmente com tanta frequência nos homens que a moda comercial retrata.
Moda nos Anos 80
Nessa década destacaram-se roupas de modelagens amplas ou bem justas, ternos marrons, suspensórios, muito jeans, calças e camisetas coloridas, jaqueta de couro, jaqueta esportiva oversized, ombreiras, calças de cintura alta, bandanas, lenços, coletes, correntes e o cabelo marcante.
Com isso, a vaidade masculina estava em ascensão, as marcas voltadas aos homens cresceram e lançaram novos olhares para roupas masculinas de várias ocasiões.
Moda nos Anos 90
Essa década foi marcada pelo estilo grunge, que marcou pelo seu look composto por tênis All Star, calça jeans, camiseta e camisa de flanela.
Moda nos Anos 2000
Nos anos 2000 a moda masculina inicia-se objetivando o conforto e simplicidade. Assim, o visual casual e descolado ganha força composto por camisetas com estampas divertidas, bermudas e calças rasgadas. Assim, surge o homem moderno buscando seu próprio estilo para se expressar na sociedade.
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Adorei o texto! Muito bom!
Muito interessante seu artigo, obrigado por compartilhar!