A Economia Circular é a nova aliada para as indústrias, aos clientes e, acima de tudo, para o meio ambiente. A Economia Circular, de maneira resumida, é um sistema sustentável, reciclável e ecológico, que incorpora técnicas que permitem a reutilização, renovação ou redesenho de peças de vestuário e acessórios.
“Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Esta frase do químico Lavoisier descreve a nova forma de produção dos materiais neste sistema, principalmente dos materiais têxteis, ou seja, das roupas.
Tendo em vista o grande prejuízo ambiental causado pelas indústrias, a Economia Circular tem o intuito de preservar os recursos naturais, além de mostrar uma nova maneira de consumir e de se vestir também. Portanto, é necessário ficar atento aos impactos que este sistema irá causar na economia e na moda.
Economia Circular
A Economia Circular é uma forma marcadamente diferente de fazer negócios, forçando as empresas a repensar tudo, desde como projetar e fabricar produtos até o relacionamento com os clientes.
Contudo, todos os produtos são fabricados de forma que possam ser desmontados e os materiais sejam decompostos pela natureza ou devolvidos à produção. Assim, nesse processo há dois ciclos: o biológico e o técnico.
O material biológico consiste em alimentos não tóxicos e limpos, e os materiais técnicos são projetados para serem usados industrialmente novamente. Ou seja, os ciclos técnicos recuperam e restauram produtos, componentes e materiais por meio de estratégias como reutilização, reparo, remanufatura ou (em último recurso) reciclagem.
Esse processo tem o intuito de não jogar nada fora, de restaurar e aproveitar o máximo de um produto, sem poluição e resíduos. Portanto, a Economia Circular visa a sustentabilidade além da economia, já que neste sistema não há a necessidade de importar as commodities (recursos naturais).
Economia Circular X Economia Linear
“Vivemos em tempos líquidos, nada é para durar”. Nesta frase, o sociólogo Zygmunt Bauman faz uma crítica à modernidade líquida em que vivemos, ou seja, neste sistema econômico predominante. Embora a Economia Circular seja um sistema eco-friendly (ecológico) que visa o bem estar global – tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente -, esta ideia ainda é muito recente.
Tendo em vista que a Economia Circular ganhou visibilidade na década de 70, a Economia Linear é o sistema econômico predominante. A Economia linear consiste em um sistema que tem como prática “extrair – produzir – descartar”. Esta sequência denota a crítica de Bauman, a liquidez dos objetos e materiais.
Segundo Richard Girling, em seu livro Rubbish!, 80% dos produtos fabricados são jogados fora em até 6 meses. Isto se deve ao fato de muitas mercadorias, como peças de roupas, serem feitas com pouca durabilidade, com um material mais barato e sem qualidade.
Dessa forma, a Economia Circular junto à moda prioriza alguns conceitos, um deles é fabricar os produtos com materiais de qualidades. Com isso, a Economia Circular substitui o conceito de “fim de vida” pela restauração, muda para o uso de energia renovável, elimina o uso de produtos químicos tóxicos, que prejudicam a reutilização e o retorno à biosfera, e visa a eliminação de resíduos por meio do design superior de materiais, produtos, sistemas e modelos de negócios.
Economia Circular e a moda
A moda tem papel fundamental na Economia Circular, afinal, os produtos têxteis são os mais descartados. Contudo, os aterros sanitários recebem cerca de 50 milhões de toneladas de roupas por ano, sendo que a maioria não é biodegradável. Além disso, os sapatos e tênis demoram cerca de 30 a 40 anos para se decompor, e a maioria dos tênis, por exemplo, é composta de pelo menos uma dúzia de peças plásticas, inviabilizando, dessa forma, o desmonte e reciclagem do material.
Dessa forma, a moda e as indústrias têxteis estão se atentando para viabilizar esse processo. Por isso, a moda na Economia Circular baseia-se em cinco pontos principais:
Design Circular
Os produtos são pensados desde o início para a reutilização, ou seja, o design do produto viabiliza o desmonte e a reciclagem do material.
Busca por materiais sustentáveis
Para uma boa restauração, os materiais para confeccionar o produto devem ser sustentáveis, livres de produtos químicos tóxicos e de resíduos.
Sistema de produção sem desperdícios
O intuito da Economia Circular é não jogar nada fora. Logo, quanto menos desperdício, ou seja, quanto mais aproveitar os materiais, melhor será.
Modelo de distribuição inovador: troca ou leasing.
O modo de consumo está mudando, além de simplesmente comprar o produto, outras formas de adquirir uma peça de roupa estão surgindo e fazendo sucesso também, contribuindo com o bolso do consumidor e com o meio ambiente.
Consumo consciente
Como citado no item anterior, na Economia Circular o consumo é feito de maneira consciente, sem a ideia do consumismo desenfreado, além de consumir apenas produtos feitos com materiais de qualidade.
Outras maneiras de consumir
Os consumidores em uma Economia Circular apoiam uma abordagem sustentável e prática nas aquisições de vestuário, priorizando a “slow fashion” – moda mais lenta e duradoura – em relação ao “fast fashion”.
Com isso, além da simples compra, os consumidores estão preferindo outras maneiras de se adquirir temporariamente um produto, como a troca ou o leasing.
Leasing
O leasing se assemelha a uma operação de aluguel, na qual durante o período da operação, aquele que contrata o leasing tem o direito de utilizar o bem.
Dessa forma, em vez de comprar algo, é possível fazer uma assinatura de leasing, a qual se utiliza a peça apenas por um determinado período e depois a devolve. Como por exemplo, se você precisa viajar a negócio e precisa de um terno, você pode alugá-lo até voltar da viagem.
Troca
A troca é a forma mais comum, você pode trocar em um brechó de luxo por outra peça que lhe interesse. Você estará pagando um preço acessível e contribuindo com a natureza.
A durabilidade das roupas
Como já mencionado, diferente da Economia Linear que tem como característica o descarte de objetos, a Economia Circular procura por produtos de qualidade e com alta durabilidade. Além disso, preconizam-se vestuários bonitos, atemporais e clássicos para aperfeiçoar a longevidade das peças, garantindo maior durabilidade.
Então, antes de comprar qualquer peça nova, lembre-se dos itens a seguir:
Qualidade é melhor que quantidade
Com isso, invista em algo mais caro e mais durável em vez de sempre estar comprando peças novas sem qualidade, pois estas peças acabam estragando mais rápido.
Tecidos
A escolha por tecidos duráveis, como o algodão, é fundamental para ter uma peça durável. Então, prefira tecidos mais caros se for o caso, pois eles irão aperfeiçoar a longevidade de suas peças.
Peças coringas e atemporais
Procure por roupas atemporais, aquelas para usar em mais de uma estação de formas diferentes. Jeans, camisetas e camisas são exemplos de peças que caem bem em variadas temperaturas.
Ter um estilo atemporal e clássico é essencial para manter suas peças bem conservadas. Além disso, você não precisa comprar roupas novas para modismos passageiros.
Tendo em vista todo o intuito da Economia Circular e a importância da moda neste sistema, o que acha de repensar na hora de comprar? Além de fazer o bem para o meio ambiente, você estará economizando também. Esta é uma nova forma, e mais inteligente, de habitar nosso planeta e utilizar seus recursos.
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